O que você herdou dos seus filhos?

No final de junho de 2021 a completei 12 anos de paternidade.

Sim, meu filho mais velho – João Victor – fez aniversário.  E, junto com a comemoração festiva adaptada à pandemia, procurei refletir a respeito dessa trajetória e o quanto sou grato a tudo que estou herdando de cada um deles: João, Maria e Lucas: os meus verdadeiros bunequinhos.

Maria Clara, Lucas e João Victor. Meus bunequinhos.

É natural atribuirmos o sentido de herança usualmente ´do mais velho para o mais novo´. Mas esses anos de paternidade me mostram que existe uma herança no sentido contrário.

“A criança nos ensina aquilo que esquecemos por estarmos sempre pensando no futuro” conta o psicólogo Alexandre Coimbra Amaral. Sabemos que ter filhos é uma eterna troca mas, ainda assim, somos constantemente surpreendidos por elas. Quantas são as coisas que as crianças nos ensinam diariamente e nem sempre conseguimos dar o devido valor, como se os únicos a ensinar algo fôssemos nós?

Grande engano! Como pais, somos exemplo e temos muito a ensinar. Por outro lado, as crianças também nos inundam com conhecimento. Pare para pensar: quanta coisa você já aprendeu com o seu pequeno?

Depois que me tornei pai muita coisa mudou. Não somente as responsabilidades e as noites mal dormidas, mas internamente as coisas mudaram: a forma de pensar, o modo como passei a enxergar o mundo e me relacionar com ele e com as pessoas definitivamente não é mais o mesmo. Desde um olhar mais sereno, um sorriso largo até a paciência que antes não existia e por aí vai…

Tenho certeza que não falo só por mim. É muito natural que os filhos mudem a maneira como a nossa vida é conduzida. Primeiro, a notícia da gravidez, o acompanhamento da gestação e a paciente espera pelo nascimento. Nesses longos nove meses a gente aprende que o tempo não é mais nosso e que o “controle” da vida não está nas nossas mãos.

Convido, agora, você a refletir: O que você herdou dos seus filhos?

Eu herdei o reconhecimento como ser humano imperfeito, porém, inteiro. A aceitar que minha jornada é uma gangorra, feita de dias bons e dias ruins. Meus filhos me ensinaram que eu sou uma pessoa melhor quando me sinto inteiro. E que não faz sentido nos preocuparmos com nossas crianças mas nos recusarmos a nos ver como um ser de necessidades próprias.

Herdei o real entendimento da beleza, o poder e a força do verbo ‘cuidar’. Cuidar dos filhos, dando atenção à saúde, ao desenvolvimento, aos sentimentos que se amplificaram ao longo do tempo. Cuidar do outro, da natureza, do idoso, do que precisa de ajuda, seja ele qual for. Cuidar é lindo, é necessário.

Herdei a compreensão de decifrar e contemplar imagens. Pode parecer loucura dito assim, mas elas também devem ser lidas, e nós, adultos, dificilmente percebemos isso. É como se não tivéssemos tempo para os pormenores: nos livros infantis, nossos olhos as percorrem distraídos, correndo em busca do texto escrito. Mas quando se entende que é preciso parar, perceber detalhes que passavam completamente despercebidos por mim – nunca por eles – aprendi a decifrar e contemplar sem pressa as imagens dos livros e, assim, ler melhor o mundo também.

Herdei a chance de reaprender o mundo, sua história e todas as disciplinas apresentadas no colégio, sob um novo olhar, tendo a chance de questionar o que me foi ensinado a partir dos porquês que eles perguntam a cada verdade absoluta que eu ousasse lhes apresentar.

Herdei a chance de enxergar as próprias falhas e perdoar. Meus filhos me ensinam como a gente esquece, na condição de adulto, da nossa possibilidade de abrir o perdão em nossas relações mais íntimas. O constrangimento que um pai fica quando erra, e como eles perdoam, acolhem e abraçam esse constrangimento, é muito bonito. Isso tudo também tem a ver como se entregar ao momento presente. A criança nos ensina aquilo que esquecemos, por estarmos sempre pensando no futuro. Eles superam suas maiores frustrações para serem felizes brincando. Nós adultos somos completamente o oposto: choramos, brigamos, ficamos chateados e remoemos a ofensa. Os dias passam, a vida passa e o perdão fica cada vez mais distante. Olhe para o seu filho e veja como ele é feliz perdoando. Será que não seremos igualmente felizes se perdoarmos um pouco mais?

Herdei a perseverança, a persistência, o continuar. Você já percebeu como as crianças não desistem? Muitas vezes são vistas como desobedientes ou teimosas, mas na maioria dos casos é uma característica do ser curioso que são. Característica do simples fato de serem crianças.

Herdei o incentivo a continuar perguntando os porquês para seguir aprendendo. Crianças são como uma esponja absorvendo tudo o que acontece ao redor delas. Já nós, adultos, muitas vezes criamos barreiras e inúmeros empecilhos para continuar aprendendo.  Não perca a oportunidade de trocar experiências e aprender com quem tem muito a nos ensinar.

Herdei o foco no momento. Crianças não atropelam momentos. Crianças aproveitam os momentos. Eles concentram toda a sua força em uma determinada situação. Se estiverem envolvidos com um brinquedo, ficam ali e gastam toda a sua energia naquela atividade. Muito diferente de nós adultos que fazemos mil coisas ao mesmo tempo. Vivemos o hoje, mas não paramos de pensar no amanhã. Planejar o futuro é preciso sim, mas viver o agora é primordial. Afinal de contas, um dia teremos apenas as lembranças e como você quer que elas sejam? Planejamentos e mais planejamentos ou aproveitando Momentos?

Herdei a vontade de me aprimorar dia após dia. Por rotineiramente eles nos surpreendem com algo novo, não é mesmo? E como nós estamos? Quantos de nós estagnamos na vida: sem sonhos, sem projetos, sem desejo de mudança? Não pensamos ou não queremos mudança, sejam elas profissionais ou pessoais. Melhorar dia a dia é preciso. Dê a você a oportunidade de ser melhor hoje.

Herdei a coragem de encarar meus medos. E são muitos. E muitos nasceram após a paternidade. Herdei medo de morrer. Medo de trânsito. Medo da noite. E o único medo de perder verdadeiro. Mas herdei coragem também. Muita. As crianças são incríveis, corajosas e adoram explorar o novo. Não se importam em se sujar, manchar a roupa, tentar algo diferente, cair, levantar e cair novamente. Vamos aprender com nossos filhos que o erro pode não ser algo tão ruim assim. Passe a ver as situações de frustração com olhar um pouco mais positivo. Que tal trocar a expressão “acúmulo de fracasso” por “acúmulo de experiências e conhecimentos?”

Herdei a vontade de levar a vida com mais leveza. Não temos como saber ao certo os caminhos da vida, principalmente quando estamos fazendo algo novo. Confrontar uma novidade nos faz sentir perdidos. E está tudo bem estar perdido. Uma hora você se reencontra, ou alguém te ajuda a reencontrar.

Herdei a capacidade de curar problemas a partir de beijo, atenção e carinho. Compreendi o real sentido de desespero e lágrimas. Passei a perceber mais o passar do tempo e a me entender como um moderador, um facilitador, do que uma autoridade suprema.

Crianças têm vida e felicidade dentro de si! Uma forma simples e alegre de viver a vida. Crianças sonham e sonham alto. São puras e ingênuas, mas também são fortes! Olhe para dentro da sua casa e perceba quantas lições valiosas nossos filhos tentam nos ensinar diariamente e por tantas vezes são desperdiçadas.

Certamente existem outras heranças. Heranças que eu ainda não percebi. Heranças que minha limitação ainda não permitiu reconhecer. Heranças que eu irei perceber a cada momento de real conexão com eles.

Em tudo o que foi exposto acima, sigo herdando, errando, falhando, aprendendo, aprimorando. Coloco-me cada dia mais aberto a mais heranças, pavimentando um caminho chamado FELICIDADE.

Aos meus filhos, que hoje amplificam os aprendizados de minha paternidade, o meu eterno e mais puro e verdadeiro amor, potencializados um dos seus maiores ensinamentos a mim oferecidos: a GRATIDÃO. Te amo, João. Te amo Maria. Te amo, Luquinhas. A bunequinhos existe para vocês e por vocês.

A Bunequinhos deseja ser uma facilitadora na descoberta dessas heranças,  criando artefatos de vínculo e afeto para sua família,  ajudando a dar risadas juntos, criando histórias, fantoches, dedoches, ilustrações, bonecos, livros… projetos personalizados que criem memórias e formas de amor entre você e quem você ama.

Quer saber como? Entre em contato!

 

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